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Mato Grosso é o estado mais violento do Centro-Oeste para população rural, aponta pesquisa


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Dados do Caderno de Conflitos Brasil 2017, da Comissão Pastoral da Terra – Regional Mato Grosso (CPT-MT), apontou que no ano passado Mato Grosso foi o estado com o maior número de casos de violência contra a pessoa no campo. A pesquisa apontou um crescimento de 75% no número de denúncias de trabalho escravo e aumento de 88% no número de assassinatos. A CPT-MT afirma que agora irá pressionar as autoridades para que este cenário mude.
 
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Em 2016 foram assassinadas duas pessoas em conflitos agrários em Mato Grosso, uma em Castanheira e outra em Nova Bandeirantes. Já em 2017 foram assassinadas nove pessoas, todas na chacina de Colniza no mês de abril.

O coordenador da CPT-MT, Cristiano Apolucena, afirmou que uma tragédia como a de Colniza não acontecia há mais de 20 anos. Ele percebeu um crescimento alarmante no número de casos de violência.

“O que nós observamos destes dados agora do último ano é houve um aumento grande na violência no campo. A última vez que houve um massacre deste tamanho em Mato Grosso foi no final da década de 80, e faziam muitos anos também que o trabalho escravo também não vinha tão grande, todas elas do setor agrícola do agronegócio, então isso nos assustou muito. Também houve um aumento grande de famílias vítimas de ataques de pistoleiros, foram 578 famílias no ano passado, em 2016 foram 272 famílias”.

No total, em 2017, 40,225 pessoas se envolveram em 62 conflitos no campo em Mato Grosso, sendo o estado mais violento no ano passado. Em Goiás 14.364 pessoas se envolveram em 21 conflitos e em Mato Grosso do Sul 20.940 pessoas se envolveram em 45 conflitos. Não há dados sobre o Distrito Federal.

“Com estas análises nós observamos o aumento total de conflitos no campo, de famílias envolvidas, foi mais de 4º mil. Em alguns pontos específicos também houve uma quantidade maior de violência no campo, com relação aos anos anteriores, nos pontos como assassinato e trabalho escravo foi uma quantidade muito grande, como há anos não acontecia”.

Em alguns pontos, no entanto, houve uma diminuição. O número de ameaças de morte diminuiu de 8 em 2016 para 3 em 2017, assim como o de áreas em conflito diminuiu de 43 em 2016 para 27 em 2017. Porém, em outros pontos, como de trabalhadores em situação análoga a escravidão, aumentou 75%, de 23 em 2016 para 90 em 2017.

Com estes dados, a CPT-MT pretende fazer uma divulgação sobre a realidade do campo no estado, além de pressionar os órgãos responsáveis para que medidas sejam tomadas. Ele teme que haja um crescimento de milícias armadas no interior.

“Nós pretendemos divulgar isso para a mídia, universidades, escolas, e organizações civis envolvidas na questão do campo e também fazer uma cobrança aos órgãos públicos responsáveis por isso. A violência é diária no norte do estado, mais de 90% dos conflitos foram no norte”.

“É uma vulnerabilidade que o trabalhador assalariado do campo tem, assim como o camponês, o indígena e o quilombola. Também para denunciar para órgãos nacionais e internacionais uma realidade como esta, porque no norte do estado, ano após anos vemos violência, muitas vezes no mesmo local, existe como se fosse uma milícia armada na região norte, com a pistolagem muito forte, e nada pontual ou conjuntural é feito”.

A tendência para este ano, Cristiano avalia, é que a população no campo aumente, em decorrência da crise pela qual o país passa.

“Como nós estamos numa crise tanto nacional como internacional, com uma retirada de políticas públicas e de direitos, está aumentando o desemprego, aumentando os valores da inflação, do aluguel, o acesso ao minha casa minha vida diminuiu, o Bolsa Família diminuiu, então as pessoas que estavam saindo do campo para a cidade em busca de uma melhoria de vida estão retornando, então elas chegam para morar na terra da família, onde não cabe mais, elas se organizam para lutar pela terra, por direito, porque segundo a Constituição ela tem direito a esta terra que está lá para a reforma agrária”.

Com isto, a CPT-MT acredita que haverá cada vez mais conflitos por terra, além dos que têm surgido, relacionados a ataques a comunidades que já foram assentadas.

“Obviamente terá um conflito, e como há um aumento das milícias armadas, de pistolagem, em relação aos fazendeiros, o conflito é quase certo. Um outro ponto é que há cada vez mais uma ousadia dos fazendeiros e grileiros, sobre as pessoas que já estão em terra própria, por exemplo, estão tendo ataques em quilombos, e faziam anos que este tipo de conflito não aparecia, em terras indígenas a mesma coisa, e assentados também, então se isso se mantém o conflito é certo”.

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